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terça-feira, 6 de abril de 2010

Limites e segurança

Quando decidi escrever sobre segurança, a primeira coisa que me veio à mente foi o sustentáculo do BDSM: os princípios São, Seguro e Consensual. Como tive a oportunidade de escrever num texto anterior, a relação BDSM, para ser plena, tem que conter um mínimo de cumplicidade entre o Dominador e o /Dominado, de forma que exista a consensualidade e, principalmente, que ela seja sadia...
Outro ponto, que todos aprendemos desde cedo, é que nosso limite acaba quando começa o limite dos nossos semelhantes. Isso quer dizer que limite e respeito sempre caminham juntos. Todos temos limitações e se não fosse assim, seríamos super-homens ou super- heroínas, pois cada pessoa tem um nível de sensibilidade, seja psicológico ou físico.
No BDSM as coisas são da mesma forma condicionadas: antes de estabelecer-se uma relação, seja ela de que tipo for, lá estão eles novamente, os nossos limites, pois os estabelecendo estaremos, de certo modo, nos assegurando.
A literatura erótica mostra personagens desprovidos de limites ou que vão além de seus limites apenas para ver seus Donas e Donas satisfeitos. Na História de O, de Pauline Reagè, por exemplo, isso fica evidente pela forma da entrega de O a Renè, da mesma forma ocorrendo em outros contos, nos quais a escrava se entrega e rompe seus limites sem pensar nas conseqüências que isso pode trazer para ela mesma.
Creio que, na vida real, não é bem por aí...O prazer tem que ser mútuo, em primeiro lugar. Outro fato importante é nunca comparar nossos limites com os de outras pessoas. Aquele papo de que "fulano de tal" agüenta e você também tem que agüentar está fora de questão... Apenas nós sabemos o que sentimos. Portanto, é de nossa responsabilidade nunca burlar nossos limites, para que a relação possa ser a mais saudável possível.
É importante que cada um de nós, Submissas e Submissos, deixemos bem claro aos nossos Donos e Donas o que queremos - ou não - durante uma sessão ou cena. Cada um tem que expor o que sente e o que não gostaria que acontecesse, para que não fuja do seu controle a situação. Sem dúvida alguma, também cabe a nossos donos respeitar nossos limites. Limites que não são meramente impostos, mas sim discutidos e apresentados da forma clara, para que a relação possa, desta forma, ser a mais sadia possível.


E a segurança?


Toda relação em BDSM tem, por objetivo único, criar formas de prazer através de algumas práticas, muitas das quais provocando dor. Para tanto, desde o início da relação, o ideal é que sejam estabelecidos e discutidos os limites. Tem que se deixar bem claro o que deve-se e ou não se deve ser feito. Um papo aberto e franco entre o Dominador e o Dominado pode esclarecer bem esta questão. Isso é super importante para que sejam evitados possíveis situações que coloquem em risco a nossa própria segurança, valendo lembrar que devemos nos entregar apenas a quem realmente confiamos e conhecemos muito bem.
Outro ponto da segurança é o estabelecimento de uma safeword. Uma safeword (ou savecode) é uma palavra ou um código que tem por finalidade a interrupção de uma determinada prática dentro de nossas cenas. Assim que a(o) submissa(o) a pronuncia, seja por dor ou por qualquer motivo que fira a sua integridade física, a cena é interrompida. Uma palavra ou expressão utilizada e previamente combinada entre o Dom e Sub para que nossos limites sejam respeitados. É como jogar a toalha, no boxe, ou pedir tempo, no voleibol...
Segurança também inclui outros fatores, que independem da posição que cada um de nós ocupa na cena BDSM. Cabe ao Dominador zelar por nossa segurança através dos equipamentos que ele utiliza nas sessões, incluindo-se aí o cuidado com a higinene. Segurança inclui saúde e, portanto, sexo seguro. Ou seja, mesmo que você use os mais variados métodos, o uso de preservativos, seja qual for sua posição na cena, é fundamental.
Como sempre digo: tudo que é exagero, prejudica. Estabeleça seus limites, ponha sua segurança em dia, faça de sua relação BDSM um porto seguro e... Seja Feliz!

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